A Verdadeira Vida em Deus

Em seu livro I am a Daughter of the Church , o Padre Marie-Eugène nos lembra de como Deus pode adaptar-Se à alma: A ação direta de Deus, fundamentada no humano do qual Ele Se utiliza é maravilhosamente adaptada à vida psicológica da alma. Essa adaptação de Deus deve ser destacada como uma característica importante de Suas intervenções. Deus, que consente em falar a linguagem dos sinais humanos para nos dar Sua luz, leva a condescendência a ponto de adaptar-Se aos nossos temperamentos e às nossas necessidades particulares na escolha desses sinais, para nos atingir com mais segurança. Para uma fé que manteve sua pureza e simplicidade, Ele falará em uma linguagem de sinais exteriores brilhantes que farão a fé vibrar. Para uma fé que o racionalismo tornou prudente e crítica, Ele usará uma linguagem mais intelectual. 1 O Cardeal Ratzinger disse que “ser capaz de se colocar como a palavra e a imagem do contato interior com Deus, mesmo nos casos de autêntico misticismo, sempre depende das possibilidades da alma humana e de suas limitações.” Eu, portanto, faço a experiência da Palavra de Deus sem esforço, em outras palavras, sem me forçar a nada; ela apenas vem. Eu recebo essas comunicações (palavras interiores) sob duas formas. Por favor, note que de modo algum pretendo dizer que sei como exprimir esse fenômeno, nem a maneira como Deus pode fazer tais coisas, mas a explicação que se segue é a melhor que posso dar: 1. Através da intervenção de palavras interiores, isto é, locuções. As palavras que eu percebo são substanciais, muito mais claras do que se eu as ouvisse com os meus ouvidos. Uma só palavra pode conter um mundo de significados, que a compreensão em si não poderia jamais traduzir rapidamente em linguagem humana. Qualquer palavra ou instrução divina para me ensinar, não é dada como um ensinamento escolar que, talvez em razão do tempo limitado, não pode ser inteiramente explicada de uma só vez, ou pode ser esquecida por causa da fragilidade humana, ou mesmo não inteiramente compreendida. Mas a instrução divina ou palavra será dada em um lapso de tempo e impressa na mente de tal forma que se torna difícil esquecê-la. A luz que ela propaga é tão vasta, como uma brilhante luz que ilumina tudo ao redor, dando- nos imediatamente uma riqueza de conhecimento maior que a própria palavra. A palavra dada é como um largo rio que se reparte em outros riachos que levam a toda parte e a diferentes lugares, mas que vêm sempre do mesmo rio. Qualquer ensinamento normal, em uma escola, teria exigido de minha parte meses para aprender. Enquanto experiencio as palavras muito fortemente, estou igualmente consciente de que a forma escrita e o modo como devo expressar as palavras ainda depende de minhas limitadas capacidades de linguagem e de expressão. 2. Asegunda maneira pela qual recebo as palavras de Deus é através de uma luz de compreensão em meu intelecto, sem qualquer emissão de discurso. É como se Deus transmitisse Seu pensamento ao meu. Eu sei imediatamente o que Deus quer ou deseja dizer. Então devo escrever essa mensagem não expressa o melhor que posso, escolhendo minhas próprias palavras. Mais tarde, aqui em Roma, disseram-me que Santa Brígida da Suécia tinha uma forma semelhante de escrever suas mensagens. Por que o Senhor escolheu essa forma especial de escrever as mensagens, chegando até a pegar minha mão? Sinceramente não sei. Quando Lhe perguntei o porquê, o Senhor apenas disse: “Porque gosto dessa maneira”. Portanto não sei como isso acontece. Gostaria de salientar que teólogos também peritos em grafologia e que examinaram meus escritos classificaram-nos de hieráticos, descrevendo muitas diferenças fundamentais entre a forma como eu escrevo e a chamada escrita automática. Mais tarde, soube que místicos conhecidos, como Santa Teresa de Ávila, viveram a experiência de arrebatamento de seu corpo ou, às vezes, de uma parte de seu corpo. Acredito tratar-se de uma forma mitigada de arrebatamento da minha mão e confio que o Senhor tem Seus próprios propósitos com isso. 1 Padre Marie-Eugène, O.C.D., I am a daughter of the Church , Vol. II, Chicago, 1955. p. 283. 1178

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